Apoiantes de Maduro invadem Parlamento na Venezuela

por Carlos Santos Neves - RTP
Foram ouvidas pequenas explosões causadas por petardos atirados contra o edifício parlamentar Andres Martinez Casares - Reuters

Um grupo de apoiantes do Governo de Nicolás Maduro invadiu o complexo do Parlamento venezuelano. Há notícia de pelo menos 12 feridos, entre os quais cinco deputados. Distúrbios que aconteceram no dia em que o órgão legislativo, controlado pela oposição, assinalava o dia da independência.

Repórteres ao serviço da France Presse descreveram o momento da invasão: dezenas de pessoas munidas de varas e vestidas de vermelho - a cor do partido do Presidente venezuelano - entraram no complexo parlamentar.

Foram ouvidas pequenas explosões causadas por petardos atirados contra o edifício. Pelo menos quatro deputados ficaram feridos.

O grupo de manifestantes estava concentrado diante do edifício do Parlamento em protesto contra a oposição a Nicolás Maduro, maioritária no órgão legislativo desde o início de 2016. A invasão dos jardins deu-se durante um intervalo na sessão. A confusão foi generalizada.

“O Governo tem recorrido sempre à violência”, acusou Stalin Gonzalez, deputado oposicionista citado pela AFP. “Continuaremos a enfrentar estes selvagens”, acentuou outro deputado da oposição a Maduro, Simon Calzadilla.

Entre os feridos está o deputado Américo de Grazia, da formação Causa Revolucionária, que sofreu ferimentos mais graves, ao ser agredido com um tubo na cabeça.

“Os bons são mais na Venezuela. Os bons são mais e temos que vender o medo. Os bons são mais e temos que vencer na vanguarda da luta, de forma não violenta. Mas o que dói mais é ver que todos os dias perdemos um pouco do país”, afirmou aos jornalistas, já depois de ser assistido.
Vaga de contestação
A Venezuela vive a mais grave crise política, económica e social das últimas décadas. A violência que tem marcado a vaga de manifestações contra Maduro, fortemente reprimida pelas autoridades, causou já 91 mortes. Em três meses.

Antes da chegada dos deputados ao Parlamento, o Governo promoveu uma cerimónia no hemiciclo, num gesto improvisado que a oposição descreveu como “agressão”.

Um apertado dispositivo militar protegeu o edifício parlamentar durante os 15 minutos da intervenção do vice-presidente Tareck El Aissami, que se fez acompanhar pelo ministro da Defesa e Chefe do Estado-Maior, Vladimir Padrino Lopes, e por militantes chavistas.

“Estamos precisamente nas instalações de um poder de Estado que foi tomado como refém pela mesma oligarquia que traiu Bolívar e a sua causa”, clamou El Aissami, referindo-se à figura tutelar da independência venezuelana.

c/ agências internacionais
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